Ação deixa saldo histórico e reflexos em São Gonçalo
A mega-operação no Rio de Janeiro iniciada na manhã desta terça-feira (28) mobilizou milhares de agentes das forças de segurança em uma ofensiva sem precedentes contra o Comando Vermelho (CV). As ações se concentraram principalmente nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense, mas também geraram reflexos em São Gonçalo, onde diversos pontos foram embarricados por criminosos em reação à ofensiva policial.
De acordo com informações da Polícia Civil, o saldo parcial é de 62 mortos, sendo 60 suspeitos e dois policiais civis, além de 81 presos e nove agentes feridos. A operação foi descrita pelo governador Cláudio Castro como a maior já realizada no Estado sem o apoio de forças federais.
Mortes e feridos na ação
Entre os policiais mortos está Marcos Vinícius de Carvalho, conhecido como “Máskara”, lotado na 53ª DP (Mesquita). Ele foi atingido no pescoço e chegou a ser socorrido ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu. Outros oito agentes — entre policiais civis, militares, integrantes do Bope e do Batalhão de Ações com Cães (Bac) — também foram baleados.
Segundo informações da Secretaria de Segurança, quatro pessoas foram vítimas de bala perdida, entre elas uma mulher atingida dentro de uma academia e um mototaxista, que já receberam alta. Um homem em situação de rua e outro que trabalhava em um ferro-velho continuam hospitalizados.
Reação em São Gonçalo e impacto urbano
A ofensiva também teve repercussões em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Diversos acessos em comunidades locais foram bloqueados com barricadas, como medida de resistência ao avanço das forças policiais. Moradores relataram dificuldade de locomoção e presença intensa de viaturas nas principais vias da cidade.
Na capital, 29 escolas do Complexo do Alemão e 17 da Penha suspenderam as aulas. Cinco unidades de saúde interromperam o atendimento e atividades externas, como visitas domiciliares, também foram canceladas.
O transporte público sofreu alterações: linhas de ônibus que passam pela Penha, Olaria e Bonsucesso precisaram ser desviadas para garantir a segurança de motoristas e passageiros. Segundo a Mobi-Rio, dois serviços do BRT Transcarioca foram temporariamente interrompidos nos dois sentidos.
Declarações oficiais
Em entrevista coletiva na Cidade da Polícia, o governador Cláudio Castro afirmou que a ação busca desarticular o núcleo de comando do Comando Vermelho e interromper o fluxo de armamentos que entram no estado.
“Esta operação é maior que a de 2010. O Rio está sozinho, sem auxílio federal. Não produzimos esse poder bélico — ele entra pelas fronteiras, financiado por lavagem de dinheiro”, declarou Castro.
Entre os detidos estão Nikolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro do traficante Edgar Alves de Andrade, o “Doca” ou “Urso”, e Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como “Belão”, identificado como um dos líderes do tráfico local.
Contexto e continuidade da operação
A mega-operação segue em andamento, com a apreensão de 72 fuzis e grande quantidade de drogas. Autoridades afirmam que há possibilidade de lideranças criminosas ainda escondidas nas comunidades da Penha e do Alemão.
Em São Gonçalo, a polícia permanece em alerta, monitorando barricadas e possíveis deslocamentos de criminosos em fuga. O clima nas ruas é de tensão, e moradores relatam restrições de circulação e medo de novos confrontos.
Fonte: Jornal O Dia
Foto: Divulgação / Internet
