Governador aposta em retórica vazia e política de marketing enquanto a chacina no Rio expõe a omissão, falta de planejamento e o fracasso da sua gestão na segurança pública.
Por Redação Rio Press
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2025
O massacre e o discurso da fuga
A terça-feira de 28 de outubro de 2025 terminou com 64 mortos — 60 suspeitos e 4 policiais — no que já se tornou a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. Helicópteros de combate cruzaram os céus atirando, enquanto famílias aterrorizadas buscavam abrigo em suas casas nos complexos do Alemão e da Penha.
Em meio ao caos, Cláudio Castro apareceu em coletiva para dizer que o Rio “está sozinho” na guerra contra o crime e que o governo federal teria “negado ajuda três vezes”.
Porém, o Ministério da Justiça e Segurança Pública desmentiu imediatamente, informando que 11 pedidos de reforço à Força Nacional foram atendidos desde 2023, com prorrogações a pedido do próprio estado, além de 178 operações da Polícia Federal no Rio só em 2025, com 210 prisões e apreensões expressivas de armas e drogas.
Essa tentativa de responsabilizar Brasília nada mais é do que uma manobra para escapar da própria responsabilidade, enquanto o governador tenta se eximir do fracasso evidente da sua política de segurança.
Contra a PEC da Segurança, contra a coordenação

Meses antes da tragédia, Cláudio Castro posicionou-se contra a PEC da Segurança Pública — uma proposta que visava integrar inteligência e ações entre União, estados e municípios para fortalecer o combate ao crime organizado.
Essa oposição é uma das razões pelas quais o estado sofre com a descoordenação flagrante nas operações policiais. O isolamento do governo estadual é escolha explícita, que rejeita cooperação e mecanismos que poderiam evitar o caos agora presenciado.
Depoimentos dos moradores: o terror no dia a dia
Moradores dos complexos do Alemão e da Penha vivem o que descrevem como “um filme de guerra”. Uma mulher contou que ouviu
“só gritos” enquanto tentava ajudar uma avó cadeirante e crianças. “Estão querendo entrar aqui, dar tiro dentro de casa… já fiquei nervosa, não sei o que faço”, relatou uma jovem sob forte emoção.
Outro morador afirmou que os policiais entravam em casas
“batendo nas pessoas, nem criança se salva dessa raiva toda deles”.
As imagens são de destruição, medo e revolta: barricadas em chamas, escolas fechadas, comércios paralisados e ruas tomadas pelo pânico.
Em um cenário onde o fogo cruzado entre traficantes e policiais deixa a população à mercê da violência desenfreada.
Corpos levados por moradores: um horror inédito

Pelo menos 55 corpos foram carregados por moradores do Complexo da Penha durante a madrugada seguinte à operação, levados à Praça São Lucas, uma das vias principais da região. Os cadáveres estavam na área de mata da Vacaria, onde houve os confrontos mais violentos entre policiais e traficantes.
Ainda há relatos de mortos não contabilizados na encosta da mata.O governo estadual confirmou 60 mortos da operação e quatro policiais mortos, mas não incluiu inicialmente esses corpos na contagem oficial, o que pode elevar o total para mais de 100 vítimas fatais, número que assusta pela brutalidade jamais vista.
Moradores e ativistas denunciam a magnitude inédita da chacina, com deslocamento por veículos improvisados e reconhecimento oficial sendo feito no Instituto Médico Legal.
Caos pós-operação: um estado de sítio informal
Após a operação, o Rio viveu um colapso social completo: comércios fechados, escolas suspensas, transporte público paralisado, barricadas em chamas e bairros inteiros em estado de pânico.
O saldo da ação reforça as falhas crônicas da gestão de Castro: quatro policiais mortos denunciam graves problemas de planejamento e inteligência operacional, enquanto a população civil sofre com a indiscriminada violência.
Números que escondem o horror

As autoridades destacam 190 armas apreendidas, incluindo fuzis, e toneladas de drogas. Contudo, para cada arma retirada, quase um morto foi contabilizado.
Além disso, o governo do estado não esclareceu quantos mandados de prisão foram cumpridos e quantos líderes do Comando Vermelho foram capturados, nem se houve ação contra os operadores financeiros e fornecedores de armas do tráfico.
O legado da operação em termos de controle territorial efetivo é incerto. Isso reforça que os números viraram mero marketing político, incapaz de traduzir uma política de segurança pública eficaz.
Análise crítica: espetáculo em vez de estratégia
Desde 2021, o governo Cláudio Castro aposta em operações grandiosas — uso de blindados, drones, helicópteros — mas abandona o planejamento integrado, a continuidade das ações e o investimento em políticas sociais.
O resultado: uma escalada de letalidade, crime adaptado e população refém do medo e da insegurança.
Especialistas afirmam que o que se vê não é política pública eficaz, mas uma “guerra de marketing” para criar aparência de ação enquanto a realidade segue grave e fora de controle.
Conclusão: a guerra que ele mesmo inventou
Cláudio Castro tenta desesperadamente apontar para o governo federal e se refugiar em discursos vazios. Mas o isolamento do Rio na guerra contra o crime é uma escolha política dele.
A recusa em aderir à PEC da Segurança, a descoordenação promovida, o marketing em torno da violência e o silêncio sobre resultados concretos custam vidas: 64 mortos, quatro policiais mortos, escolas fechadas, o Rio paralizado e nenhum grande fato contra as lideranças do tráfico.
O Rio de Janeiro não precisa de heróis de helicóptero nem de desculpas esfarrapadas. Precisa de governança responsável, inteligência estratégica e coragem para enfrentar os erros — algo que seu governador, infelizmente, perdeu.
Em apuração…
Por Redação Rio Press
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2025
Foto: Divulgação / Internet / GE



