A cannabis medicinal oferece diversos benefícios no tratamento de doenças e transtornos de saúde, mas ainda enfrenta barreiras de preconceito. O canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) agem como neuromoduladores nos receptores do corpo, afetando diretamente o sistema nervoso central. O CBD não é considerado doping desde pouco antes das Olimpíadas de Tóquio 2020, mas o THC continua na lista de substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (WADA). A cannabis medicinal pode ajudar a controlar ou tratar os sintomas de diversas doenças, incluindo autismo, câncer, demências como Alzheimer, dor crônica, espasticidade muscular, epilepsia, estresse pós-traumático, fibromialgia, transtornos de ansiedade, Mal de Parkinson, glaucoma e lesões musculares. No entanto, seu uso deve ser supervisionado por um médico para garantir sua segurança e eficácia para cada paciente. No tratamento do câncer, a cannabis medicinal pode aliviar sintomas como náuseas e vômitos causados pela quimioterapia, além de estimular o apetite.
Segundo Vitor Jorge Woytuski, médico especialista em Medicina Preventiva e Mestre em Educação em Saúde, destaca que, ao saber dos benefícios da cannabis medicinal para sua condição, o paciente pode sugerir o tratamento.
A lista de doenças e condições de saúde que podem ter seus sintomas aliviados com o uso de produtos desenvolvidos à base da planta é extensa. A cannabis medicinal pode auxiliar no controle da ansiedade e agitação em pacientes com autismo, reduzindo a hiperatividade e beneficiando o controle do sono. Já no caso do câncer, a cannabis não trata a doença em si, mas pode ser utilizada no tratamento de náuseas e vômitos causados por quimioterapia e radioterapia, melhorando a qualidade de vida do paciente.
Para demências como o Alzheimer, o canabidiol (CBD) pode ajudar na redução da gliose reativa e da resposta neuro inflamatória, com indícios sobre os impactos no desenvolvimento de déficits cognitivos. Além disso, a cannabis medicinal pode ser utilizada para reduzir a dor crônica, incluindo dor neuropática, dor devido a lesões na medula espinhal, artrite, dores musculares e até mesmo em síndromes dolorosas causadas pela endometriose.
Em casos de espasticidade muscular, o tetrahidrocanabinol (THC) pode melhorar quadros de rigidez e movimentos involuntários musculares em pacientes com esclerose múltipla e lesão medular. Para a epilepsia, o uso de CBD pode melhorar significativamente as convulsões, sendo uma das principais indicações formais para epilepsias de difícil controle.
A cannabis medicinal também pode auxiliar na redução dos sintomas de ansiedade e melhorar os parâmetros de sono em pacientes com estresse pós-traumático e transtornos de ansiedade. Já no mal de Parkinson, o CBD pode ser utilizado para aliviar sintomas como tremores e rigidez muscular.
A cannabis medicinal também é eficaz no tratamento do glaucoma, uma vez que atinge diretamente o nervo óptico dos olhos. Como o globo ocular possui receptores canabinoides, a cannabis medicinal pode favorecer a redução da pressão intraocular momentânea. Há relatos de pacientes que afirmam que o uso da cannabis medicinal pode reduzir o embaçamento da visão e melhorar a percepção visual.
Por fim, a cannabis medicinal pode ser utilizada para aliviar a dor associada a lesões esportivas e outras condições. Além disso, por melhorar o sono e o estresse, a cannabis medicinal pode contribuir para a recuperação muscular, prevenindo lesões.
No entanto, é importante lembrar que o uso de cannabis medicinal deve ser feito com supervisão médica adequada para garantir que seja seguro e eficaz para cada paciente individualmente. Mesmo com a liberação do uso do CBD para atletas, é preciso estar atento às políticas de anti-doping em vigor para evitar problemas com o uso do THC, ainda considerado uma substância proibida pela Agência Mundial Antidoping (WADA).
Fontes:
Vitor Jorge Woytuski Brasil é médico especialista em Medicina Preventiva e Mestre em Educação em Saúde e médico integrante da equipe Anna Medicina Endocanabinoide, startup que nasceu para desburocratizar o acesso à cannabis medicinal no Brasil.
Vanessa Gil é médica neurologista e professora da Universidade Unigranrio-Afya.

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