dezembro 5, 2025
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05/12/2025

Castro nomeia vereadora de 19 anos para cargo na Secretaria do Ambiente do RJ

Castro nomeia vereadora de 19 anos para cargo na Secretaria do Ambiente do RJ

Filha de deputado investigado pela PF, Thamires Rangel será subsecretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade; engenheiros florestais criticam falta de experiência técnica

A nomeação da jovem Thamires da Silva Lima, de 19 anos, como nova subsecretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro, gerou intensa repercussão entre profissionais e entidades ligadas ao setor.

Ex-vereadora de Campos dos Goytacazes, Thamires é filha do deputado estadual Thiago Rangel (PMB), que está sob investigação da Polícia Federal por suspeita de organização criminosa, fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro.

A nomeação ainda não foi publicada no Diário Oficial, mas foi anunciada nesta segunda-feira (13) durante um evento com o governador Cláudio Castro e o secretário estadual de Ambiente, Bernardo Rossi.

 “Ela aceitou o convite, sobretudo para cuidar de projetos voltados à juventude, à conscientização ambiental e às regiões Norte e Noroeste do estado”,
afirmou Castro ao anunciar o novo cargo.

Trajetória e perfil político

Filha de deputado investigado pela PF, Thamires Rangel será subsecretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade; engenheiros florestais criticam falta de experiência técnica
Filha de deputado investigado pela PF, Thamires Rangel será subsecretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade; engenheiros florestais criticam falta de experiência técnica

Natural de Campos dos Goytacazes, Thamires concluiu o Ensino Médio em 2024, pouco antes de tomar posse como vereadora. Eleita com 5.483 votos, foi a segunda mais votada do município e a única mulher entre os 25 parlamentares da Câmara campista.

A jovem adotou o sobrenome político “Rangel” durante a campanha e, em seu primeiro mandato, integrou as comissões de Direitos Humanos e Minorias, Defesa da Criança (como vice-presidente) e Direitos da Mulher (como presidente).

Apesar da futura função na área ambiental, não fazia parte da Comissão de Meio Ambiente e não menciona sustentabilidade em seu perfil institucional, no qual declara atuar em “desenvolvimento econômico, melhoria do transporte público, inclusão social e defesa dos direitos das mulheres”.

Críticas e posicionamentos técnicos

A Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Estado do Rio de Janeiro (APEFERJ) divulgou uma nota pública criticando a escolha, classificando-a como “um indicativo de desvalorização profissional” e apontando a falta de experiência técnica da nomeada.

 “Uma nomeação dessa natureza coloca em risco a eficácia das políticas públicas e a proteção do patrimônio natural fluminense”, afirmou a entidade.

O comunicado reacendeu o debate sobre a influência política e a ausência de critérios técnicos na ocupação de cargos estratégicos da administração pública estadual.

Salário e atribuições

Com a nova função, Thamires deixará o cargo de vereadora — cujo salário era de cerca de R$ 14 mil mensais — para assumir o posto na Secretaria do Ambiente. A pasta não informou o valor exato da remuneração, mas subsecretários costumam receber entre R$ 14 mil e R$ 16 mil brutos.

Nas redes sociais, a jovem afirmou encarar o desafio com entusiasmo:

“Sinto que essa oportunidade chegou até mim porque tenho a capacidade e a disposição de representar nosso estado em um tema tão fundamental: a defesa do meio ambiente e a construção de políticas públicas sustentáveis.”

 

Pai é investigado pela Polícia Federal

O pai da nova subsecretária, deputado Thiago Rangel, é alvo de inquérito da Polícia Federal por suspeita de envolvimento em esquemas de corrupção, fraudes e lavagem de dinheiro.

Em 2023, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em 14 endereços ligados ao parlamentar, incluindo seu gabinete na Alerj, a Câmara de Vereadores de Campos e a Prefeitura do município.

A investigação começou após a prisão em flagrante de um assessor de Rangel, em setembro de 2022, acusado de corrupção eleitoral e apontado como braço direito do grupo investigado. O deputado, entretanto, nega qualquer envolvimento em irregularidades.

Repercussão e silêncio oficial

Enquanto a nomeação é comemorada por aliados, que defendem a renovação e maior participação feminina em cargos de liderança, profissionais do setor ambiental alertam para o risco de fragilização técnica das políticas públicas ambientais.

A Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS) ainda não se manifestou oficialmente sobre as críticas da APEFERJ nem sobre as investigações envolvendo o pai da nova subsecretária.

 

Por Danilo Bello Pires

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