março 25, 2025
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25/03/2025

Dia da mentira: relembre algumas promessas não cumpridas pelos prefeitos de São Gonçalo e Itaboraí

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Por Patrick Guimarães

 

Após quase dois anos e meio de governo, as cidades de São Gonçalo e Itaboraí continuam com os mesmos problemas que geram insatisfação perante suas populações. Nesse período, os prefeitos dessas cidades não cumpriram nem as metas tidas como prioritárias em suas gestões. Sem promoverem mudanças significativas em seus municípios, Capitão Nelson Ruas (São Gonçalo) e Marcelo Delaroli (Itaboraí) – ambos do PL – precisam correr contra o tempo, que por sinal não está nem um pouco a favor.

Quatro dias após tomar posse como prefeito de São Gonçalo, Capitão Nelson, anunciou um plano de metas de 100 dias, listadas entre as prioridades do seu governo.

Confira abaixo texto divulgado pela prefeitura:

Promessa – Conter a expansão do novo coronavírus e garantir o atendimento à população; elaborar e executar de um plano emergencial de combate, com foco na ampliação de leitos e início de campanha educativa nas ruas.

Resultado – Ao assumir, em 1º/01/2021, Nelson se deparou com 991 óbitos pela doença na cidade. Dados do boletim divulgado pela antiga gestão, no dia 30/12/2020.

Exatamente um ano após o início do governo Nelson Ruas, São Gonçalo amargava uma explosão de mortes por covid. Em 30/12/21, o total de óbitos confirmados era de 3.706, ou seja, mais de 300% de aumento em relação ao mesmo período da gestão anterior à sua.

No fim de 2020, São Gonçalo registrava 991 mortes por covid-19

 

Um ano depois, sob a gestão do Capitão Nelson, o saldo de óbitos pulou para 3.706

No entanto, a fase crítica ocorreu logo nos cinco primeiros meses do governo Nelson Ruas, mais precisamente entre 31 de março (1.591 mortes confirmadas) e 31 de maio (2.412 mortes) de 2021.

Sob a administração do então secretário de Saúde, André Vargas, somente nestes 61 dias, morreram 821 pessoas na cidade. Quase o total de óbitos durante todo ano de 2020: 991 mortes.

Até 31/03/21 havia 1.591 mortes pela covid-19 confirmadas em São Gonçalo

 

Ritmo acelerado: dois meses depois, foram registradas 821 novas mortes

 

O clima de terror então se instalou na cidade até o ano seguinte, quando as vacinas começaram a ser aplicadas na população.

Cabe lembrar que o prefeito Capitão Nelson é apoiador do ex-presidente Bolsonaro, que na ocasião defendia o uso do kit covid, composto por medicamentos sem comprovação científica para combater a doença, e fazia campanha contra o uso de máscaras e a vacinação. Inclusive, são do mesmo partido (PL).

Até a atualização do último Boletim Coronavírus, em 31/03/23, disponível no site da prefeitura, São Gonçalo registra 4.208 óbitos. Deste total, 3.217 pessoas morreram por causa da doença sob a gestão de Capitão Nelson.

Promessa – Elaboração de um plano de reestruturação econômica focado em recuperar postos de trabalho.

Resultado – Basicamente, a secretaria de Desenvolvimento Econômico e a subsecretaria de Trabalho de São Gonçalo atua distribuindo vagas oferecidas pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), que agora se chama Trabalha Brasil. A plataforma na internet pode ser consultada por qualquer pessoa gratuitamente.

Durante todo o ano de 2022, apenas cinco ações relacionadas a oportunidades de empregos foram divulgadas pela prefeitura. Todas em “parceria” com o Sine. Em resumo, não há projetos próprios do governo municipal e nem geração de emprego e renda na cidade.

Promessa – Mutirão de limpeza de rios e galerias pluviais, buscando imediatamente amenizar os efeitos das chuvas de verão.

Resultado – A manutenção da cidade é uma obrigação da prefeitura, assim como solucionar problemas que atingem a população. Mesmo com bilhões em recursos nos cofres públicos, nenhuma obra de infraestrutura foi realizada na cidade.

Sobre as enchentes, cada vez mais frequentes e devastadoras nos bairros da cidade, nenhuma ação. Em cada temporal, sobra desespero, choro, dor e morte. E falta dignidade para a população, que sofre ainda com a desvalorização dos seus imóveis e prejuízos aleatórios durante todo o ano.

Promessa – A secretaria de Educação irá realizar e apresentar um diagnóstico preciso de toda rede de escolas, realizando as intervenções que forem necessárias para assegurar o funcionamento destas unidades para o início do ano letivo.

Resultado – Apesar de ter realizado duas compras em janeiro desse ano, totalizando mais de R$ 30 milhões, para a aquisição de uniformes e materiais escolares para alunos e professores, a prefeitura ainda não entregou os itens, passados dois meses desde o início das aulas.

Saiba mais sobre o assunto clicando no link da matéria: https://riopress.com.br/mais-de-r-30-milhoes-em-contratos-cade-os-materiais-e-uniformes-dos-alunos-da-rede-de-ensino/

Nesta semana, a mãe de uma aluna denunciou, através de um vídeo, uma larva rastejando na colher cheia de comida de uma aluna, no refeitório de uma escola da rede municipal. Leia sobre o assunto no link https://riopress.com.br/escola-municipal-de-sao-goncalo-serve-merenda-com-larvas-para-as-criancas/

Promessa – Sobre a principal bandeira do seu governo, a área da segurança pública, Nelson determinou um mapeamento das primeiras áreas a receberem um programa que visava remover barricadas e implantar serviços públicos dentro das comunidades afetadas pelo poder paralelo.

Resultado – Com exceção da entrada do programa Segurança Presente, do governo do estado, nada mudou. A sensação de segurança é um pouco maior durante o dia, entretanto, mais restrita aos bairros centrais da cidade.

Quando escurece, a cidade é outra. Comerciantes e moradores de casas têm relatado com frequência invasões em seus espaços. Principalmente nos comércios, geralmente ladrões e dependentes químicos conseguem êxito e deixam um rastro de prejuízos e muitos transtornos para trás, pois furtam, quebram e sujam tudo.

Sobre as barricadas, tudo normal. Continuam nas comunidades, marcadas pelo medo e o abandono. Largados à própria sorte, estes lugares aguardam ainda os prometidos serviços públicos, como programas sociais, culturais, educacionais, profissionalizantes, de segurança e geração de oportunidades, por exemplo.

As prioridades do prefeito Capitão Nelson foram publicadas no site da prefeitura, em 4 de janeiro 2021.

 

Em Itaboraí, a história é bem parecida

Capitão Nelson e Marcelo Delaroli compõem o partido do ex-presidente Bolsonaro (PL) e se elegeram com base nas bandeiras empunhadas pela extrema direita. Basicamente o lema Família, Pátria, Deus e Liberdade, apesar da inexistência desses fundamentos nas ações do ex-presidente e da gente não saber bem o que isso significa.

Assim como acontece na vizinha São Gonçalo, também administrada por um prefeito do PL, Marcelo Delaroli prometeu e não cumpriu quase todas as suas promessas de campanha.

Promessa – Criação dos “vermelhinhos”.

Resultado – Ônibus que circulam pela cidade com tarifa zero, em Maricá, os vermelhinhos ficaram somente no imaginário da população. Além de não ter cumprido a promessa, não existe qualquer sinalização de planejamento sobre o assunto no governo.

Durante a campanha, em 2020, Delaroli chegou a acusar o então prefeito da cidade, Dr. Sadinoel, e o ex-prefeito Sergio Soares de aceitarem propina de empresa de ônibus para manter o monopólio de transporte na cidade. Contudo, a realidade sobre os transportes não mudou.

Propaganda eleitoral em 2020: população aguarda os vermelhinhos até hoje

Promessa – Legalizar as vans e liberar moto táxis.

Resultado – Um único movimento sobre o assunto foi feito desde que Delaroli assumiu a prefeitura, em março de 2021. Gerou uma empolgação, mas ficou só nisto mesmo.

Promessas – Reestruturar e ampliar a rede de postos de saúde da família; facilitar o recebimento de remédios; estender os horários de atendimento nas unidades de saúde do município; criar um hospital da mulher e da criança; reestruturar e criação de novas unidades de Pronto atendimento (UPAS); e a criação do programa municipal e das clínicas de atendimento à saúde bucal.

Trecho do programa de governo para Itaboraí

Resultado – Por enquanto, nada saiu do papel. A rede de saúde é alvo de constantes reclamações dos moradores do município. É comum na cidade a busca por atendimentos nas cidades vizinhas.

Promessa – Estudo para a criação de unidades de educação destinadas à formação profissional.

Resultado – O governo está “estudando” até hoje. Quem não está são os jovens que aguardam oportunidades de profissionalização no município.

Promessa – Criação da moeda social.

Resultado – Espelhada no ativo voltado para a distribuição de renda, Mumbuca, criado em Maricá, até foi lançada em Itaboraí, em maio do ano passado. Contudo, sem incentivos aos desenvolvimentos econômico e social, ainda não decolou na cidade.

Promessa – Criação de um centro de monitoramento e instalação de câmeras de monitoramento nas áreas públicas e vias do município.

Resultado – Outras promessas que ainda não saíram do papel.

 

Falta de comprometimento afastou o PT do governo

O vice-prefeito de Itaboraí, Casula, foi indicação do PT na composição da chapa de Marcelo Delaroli, em 2020. Costurada pelo deputado federal Washington Quaquá (PT), a aliança consistia em adotar políticas públicas reconhecidas como exemplos de sucesso em Maricá.

A falta de comprometimento do prefeito Marcelo Delaroli com as propostas do governo, definidas em comum acordo com o PT, acabou gerando um afastamento do seu vice, Casula, e de Quaquá.

O grupo petista não concorda com a política de gestão do atual prefeito e já vem declarando o lançamento da deputada estadual Zeidan (PT) à disputa pela prefeitura da cidade em 2024.

Vale ressaltar que foram citadas nesta matéria menos de 10% das promessas feitas por Capitão Nelson e Marcelo Delaroli em suas campanhas, em 2020.

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