Pais de alunos reclamam da demora na entrega dos itens aos alunos. Falta de reposição também afeta o corpo docente
Por Patrick Guimarães
O ano letivo da rede municipal de São Gonçalo teve início no mês de fevereiro, no entanto, muitos alunos ainda não receberam da prefeitura os materiais escolares e uniformes. Apesar de ter firmado contratos para aquisição e distribuição aos estudantes e professores, em janeiro desse ano, itens como papel, lápis, livro, caneta, caderno e uniformes ainda não foram entregues pela secretaria municipal de Educação.
Somadas, as compras feitas pelo governo municipal chegam a quase R$ 33 milhões. Apesar de o valor chamar atenção, pesa mais o fato de ainda não terem sido entregues a toda rede.
Enquanto o dinheiro vai, mas os produtos não chegam ao destino correto, pais de alunos têm improvisado roupas e arcado com gastos inesperados, que são obrigação do governo do prefeito Capitão Nelson (PL).
O atraso do município em entregar uniformes escolares tem forçado os pais a usarem a imaginação para não deixarem seus filhos a ver navios, ao invés dos livros.
Com dois filhos matriculados numa creche conveniada à prefeitura, uma mãe reaproveitou as roupas de inverno.
“Cortei a camiseta, que era de frio e da minha filha, para fazer uma para o meu filho ir à escola”, disse.
Ela prefere não se identificar. Disse ter “medo de seus filhos sofrerem algum tipo de perseguição na escola”.
Moradora do Lindo Parque, outra mãe reclama do mesmo problema. “Diversas crianças da escola do meu filho estão indo estudar sem uniformes. Acho que isso está entre os itens básicos que a prefeitura deve fornecer para os alunos né?!”, questiona mãe do menino de 7 anos.
Problema corriqueiro na atual gestão
Uma foto publicada pela própria Secretaria de Comunicação da prefeitura de São Gonçalo, no dia 3 de março do ano passado, demonstra que o atraso na entrega de materiais e uniformes aos estudantes da rede municipal de ensino é constante no governo do prefeito Capitão Nelson.
Na imagem, é possível ver quatro alunos e a professora em uma sala de aula. No entanto, dois estudantes estão usando camisas pessoais. Um está de camisa cinza, no canto superior esquerdo, e o outro quase no meio da foto, de camisa azul.
Apesar dos contratos milionários, itens ainda faltam
No Diário Oficial (D.O.) de 19 de janeiro desse ano, a prefeitura de São Gonçalo publicou o extrato do contrato do pregão eletrônico 060/2022.
No valor de R$ 12.263.850,00 (doze milhões, duzentos e sessenta e três mil, oitocentos e cinquenta reais), a compra se refere à “aquisição de kits de material escolar destinados aos alunos da educação básica e professores da rede municipal de ensino de São Gonçalo, bem como aos alunos das creches conveniadas com o município de São Gonçalo”, diz trecho do documento publicado no D.O.
A empresa que arrematou o pregão, Start 22 Comércio e Serviços LTDA, fundada em 2019, possui capital social de R$ 350 mil e tem sede no bairro Trindade, em São Gonçalo. Quem administra a empresa é uma ex-funcionária da secretaria municipal de Educação.
Ainda em janeiro, o D.O. do dia 24 traz o extrato do contrato do pregão eletrônico 059/2022, no valor total de R$ 20.403.980,00 (vinte milhões, quatrocentos e três mil, novecentos e oitenta reais).
Firmado com a Fluscop Comércio e Serviço De Equipamento LTDA, o contrato prevê a “aquisição de uniformes escolares destinados aos alunos da rede municipal de ensino de São Gonçalo”.
Ambos os contratos têm vigência de 12 meses.
A prefeitura não enviou respostas sobre os contratos e a distribuição dos materiais e uniformes até o fechamento dessa edição. O espaço está aberto caso haja um posicionamento. O texto será atualizado.