O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso na manhã desta quarta-feira (3/12) pela Polícia Federal, durante a Operação Unha e Carne. Segundo a corporação, o parlamentar é suspeito de vazar informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, que resultou na prisão do então deputado estadual TH Joias.
A detenção ocorreu dentro da Superintendência da PF, na Praça Mauá, no Centro do Rio. Até o momento, não há esclarecimentos sobre o motivo de Bacellar estar no local quando recebeu voz de prisão.
Em nota, a PF afirmou que a participação de agentes públicos no vazamento de informações “culminou com a obstrução da investigação” relacionada à Operação Zargun.
Fuga de TH Joias levantou suspeitas de vazamento
No dia em que a Operação Zargun foi deflagrada, o procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira, já havia apontado indícios de vazamento. Segundo ele, as equipes tiveram dificuldade em localizar TH Joias.
O parlamentar deixou seu condomínio na Barra da Tijuca por volta das 21h40 da véspera da operação, abandonando a casa completamente revirada, o que sugeria tentativa de fuga e eliminação de provas. TH só foi encontrado horas depois, na residência de um amigo, no mesmo bairro.
Mandados cumpridos na Alerj
A PF cumpriu 1 mandado de prisão preventiva e 8 mandados de busca e apreensão, incluindo o gabinete de Bacellar na Alerj, além de medidas cautelares autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A operação integra as ações determinadas pelo STF no âmbito da ADPF das Favelas, que ampliou a responsabilidade da PF na investigação de organizações criminosas violentas e suas conexões com agentes públicos no estado.
Quem é TH Joias e por que foi preso
Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, foi detido em 3 de setembro. Ele é investigado por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de suspeita de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho (CV).
TH assumiu uma cadeira na Alerj em junho do ano passado como 2º suplente, mas perdeu o mandato quando Rafael Picciani retomou sua vaga após deixar o secretariado do governador Cláudio Castro.
As investigações revelam um suposto esquema de corrupção envolvendo TH, líderes do CV e agentes públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares e ex-secretários. Segundo a PF, a organização tinha acesso privilegiado a dados sigilosos, garantia de impunidade e até importava armas do Paraguai e equipamentos antidrones da China, revendidos inclusive para facções rivais.
Os investigados respondem por organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Operação Bandeirante: nova denúncia contra TH
Paralelamente à Operação Zargun, o Ministério Público do Rio de Janeiro, por meio da Operação Bandeirante, denunciou TH Joias e outros quatro investigados por associação para o tráfico e comércio ilegal de armas de uso restrito.
A denúncia aponta vínculos estáveis com o Comando Vermelho, com atuação nos complexos da Maré, Alemão e Parada de Lucas. O grupo teria intermediado a aquisição de armas, drogas e equipamentos antidrones, além de movimentar grandes quantias em espécie para financiar atividades da facção.
O Tribunal de Justiça do Rio expediu 4 mandados de prisão e 5 de busca e apreensão, cumpridos em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana.
Foto: Th Joias e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar _ Reprodução/Internet



