Por Patrick Guimarães
Uma frase bastante usada no meio político é: “a política é dinâmica”. De fato, é muito dinâmica. Em apenas seis meses, o cenário na política fluminense virou de cabeça para baixo.
Com direcionamento inverso ao bolsonarismo, o governador Cláudio Castro tem feito movimentos “cirúrgicos” para garantir sua governança e independência, resultando em um afastamento do grupo do ex-presidente Bolsonaro.
O chefe do estado exonerou “braços” do presidente nacional do PL, Waldemar Costa Neto, e do principal representante do partido no Rio de Janeiro, o deputado federal Altineu Côrtes.
Em possível aceno de Cláudio Castro para compor a base do governo Lula, vem cumprindo agendas e estreitando laços com prefeitos do PT (Fabiano Horta – Maricá) e do PDT (Axel Grael – Niterói).
No meio político não é descartada a saída do governador do PL, partido pelo qual foi reeleito no ano passado. Para onde poderia ir já é outra história.
Políticos e eleitores comuns já perceberam que a linha autoritária bolsonarista embala um falso conservadorismo, empunhado pela extrema direita, que demonstra cada vez menos empatia com os problemas dos estados e municípios brasileiros. Dia a dia, reforçam o ditado que diz: “faça o que digo, mas não faça o que faço”.
São Gonçalo na corda bamba
Com discursos de ódio e preconceituosos desde que assumiu a prefeitura de São Gonçalo, em 2020, o prefeito Capitão Nelson (PL) segue na correnteza, agora enfraquecida, do bolsonarismo.
Nas eleições presidenciais do ano passado, vereadores da base do governo Nelson Ruas fizeram gestos obscenos e xingaram petistas, durante visita do presidente Lula em São Gonçalo. Detalhe: todos fazendo arminha com as mãos.
Dizem que na cidade quem manda mesmo é o deputado Altineu Côrtes, que mesmo enfraquecido ainda é considerado forte. Diferente do capitão, que perdeu a força que tinha com o governador Cláudio Castro e vê uma queda na influência de seu comandante, Altineu, muitos têm se perguntado: como fica São Gonçalo no meio disso?
Faltando pouco mais de um ano e meio para as eleições municipais de 2024, São Gonçalo não evoluiu em nada e continua parada no tempo, com os mesmos problemas e a péssima qualidade de vida oferecida à população.
Disputa acirrada em 2024
São Gonçalo está entre os municípios prioritários para o PT na disputa pelas prefeituras do país no ano que vem. Dimas Gadelha é o nome natural para disputar o governo municipal em 2024 na cidade.
Em 2020, mesmo com o bolsonarismo em alta – bandeira do adversário Capitão Nelson (PL), tanto na ocasião quanto atualmente – Dimas foi para o segundo turno com diferença superior de mais de 30 mil votos, mas foi superado na segunda etapa por menos de seis mil votos. Nem 1% dos votos válidos na cidade.
Situação dos hospitais federais no Rio
Explodiu a “bomba” deixada pelo ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro Eduardo Pazuello (PL), na saúde do estado do Rio de Janeiro. Sofrendo uma espécie de amnésia, parte dos eleitores – sobretudo apoiadores do ex-presidente – tentam imputar a responsabilidade pelo caos no setor a Lula e aos parlamentares da base governista no Congresso Nacional.
Contudo, a falta de atenção e profissionalismo do governo Bolsonaro foi o que levou o estado a essa realidade. Agora, Lula e seus gestores correm contra o tempo para desfazer as mazelas do abandono registrado nos últimos quarto anos.
Não vamos nem falar sobre o desastre no combate à covid-19 nesse período. Mesmo deixando um legado de destruição nos órgãos federais da saúde no Rio, a cegueira de parte do eleitorado se expressou com força ao eleger Pazuello como o segundo deputado federal mais votado no estado, com 205.324 votos, no ano passado.
Após termos percorrido um período nebuloso, obscuro, marcado pela intolerância, o ódio, a rejeição à ciência e o abandono a setores fundamentais como Educação, Saúde e Social, o diálogo e entendimento entre as esferas públicas parecem voltar a estabilizar a engrenagem política no estado.