dezembro 3, 2024
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03/12/2024

523 ANOS DE REGRESSÃO

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Por Aldemir Guimarães

A lei que tramita no Congresso sobre a demarcação das terras indígenas e que defende a expansão da exploração da Amazônia com fins lucrativos, assim como a Mata Atlântica que já foi invadida e devastada em grande parte no Sudeste do país, revela que a nação brasileira não está bem representada politicamente. Isso, porque a mentalidade que predomina é daqueles que buscam utilizar o Poder Legislativo para legislar em prol dos interesses particulares e grupais, casuisticamente, com benefícios econômicos a desfrutar.

A imagem que o cenário politico apresenta é de que não há uma preocupação em resolver as questões problemáticas da sociedade brasileira. Enquanto o mundo clama por proteção ambiental, incluindo a defesa do maior bioma natural terrestre, legisladores buscam legalizar a exploração sem a interferência dos índios, que são os defensores nativos da Amazônia.

Quanto mais limitar a ação deles, melhor para os colonizadores. A sociedade brasileira está presenciando um verdadeiro retrocesso à mentalidade colonial de quando os descobridores da América avistaram o Monte Pascoal e o Escrivão da Frota portuguesa Pero Vaz de Caminha anunciou ao Rei que “a terra é rica e generosa, em se plantando tudo dá…”.

No ano de 1.500, as matas eram virgens e prevaleceu a lei do mais forte, numa terra sem lei. Surgiu a posse de quem dominou com a divisão dos lotes conhecidos como as Capitanias Hereditárias.

Aos 523 anos após a descoberta da terra do Pau Brasil, muita coisa mudou com o evoluir natural do progresso tecnológico e cultural, as leis surgiram para melhorar as relações na sociedade econômica e socialmente.

No entanto, estamos diante de um novo ar de colonialismo como se os colonizadores aqui permanecessem camufladamente aguardando o momento de retornarem ao status que seus ascendentes ocuparam no início do descobrimento, com uma postura mais agressiva de explorar o mais rápido possível o potencial da riqueza amazônica, sob o discurso de que a Amazônia é nossa, como se os ocupantes indígenas não fizessem parte dessa natureza rica…

Em prol dos interesses grupais e corporativos, elimina-se uma nação pelo descaso com o desequilíbrio ambiental.

 

* Aldemir Guimarães é jornalista, poeta, escritor e professor aposentado. Autor dos livros “Meu Tempo Nosso Tempo” (Litteris 2004), “Jorginho, o Menino de Ouro” (2ª Edicão – Litteris – 2007 e 2014), “A Formiga Solitária” (Quártica Premium 2009), “O Último Em Canto” (Quártica Premium 2012), “Mãe Gralha” (Quártica Premium 2015) e “Consciência Poética” (Clube dos Escritores – Super Livros 2018). O texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do RIO PRESS.

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